• J'ai récemment reçu un livre que j'ai traduit il y a deux ans environ et qui vient d'être publié au Brésil. En France il a paru en 2010. Je lis et relis des pages choisies au hasard afin de voir ce qu'a été corrigé ou changé. Ce n'est pas du masochisme, c'est pour évoluer, toujours. Je suis particulièrement fière de l'avoir traduit pour ce qu'il représente : une empreinte féministe dans les Sciences Sociales. 

    A travers une relecture critique des grands auteurs classiques des Sciences Humaines et Sociales, des chercheurs ont analysé leur pensée et leur oeuvre sous la perspective du genre, en observant de quelle manière ces auteurs-là appréhendaient le rôle ou la place de la femme dans les sociétés ou groupes étudiés, y compris par leur absence, lacune probablement révélatrice d'une certaine indifférence ou misogynie. 

    Ce qui m'a pourtant le plus marqué dans ce travail, ce fut la démystification des grands maîtres, quasiment intouchables jusqu'alors, au moins dans mon regard. Ce fut très intéressant d'envisager que lorsque Claude Lévi-Strauss qualifie les femmes comme "les biens les plus précieux" dans les relations d'échange, il a possiblement sous-estimé leur contribution économique ou socio-politique dans les groupes observés ; que le biais androcentrique des analyses de Pierre Bourdieu l'ont probablement mené à travailler plus intensément sur la violence symbolique des relations sociales, peut-être influencé par sa propre expérience personnelle, en négligeant la dynamique des relations entre les deux sexes ; et que d'une manière générale, une grande majorité d'auteurs ont rendu l'hiérarchie entre les sexes "naturelle", comme il a été suggéré dans la préface de l'édition brésilienne, rendant, par conséquent, les relations de domination des femmes par les hommes banales, en privilégiant le social comme principal facteur structurant de la dynamique sociale. En d'autres mots, la hiérarchie et la domination d'un sexe par l'autre sont appréhendées comme un fait établi et communément admis en tant que tel. 

    Il me semble inutile parler de l'importance de la publication de ce livre au Brésil et tout ce qu'il peut apporter aux chercheurs et chercheuses brésiliens. J'affirme, cependant, dans les contours personnels et égocentriques de mon travail, que je suis très heureuse d'avoir été partie intégrante de ce projet, malgré l'invisibilité du travail du traducteur. Mais cela est une tout autre histoire.    

    Références : Sous les Sciences Sociales, le genre - relecture critiques de Max Weber à Bruno Latour. Sous la direction de Danielle Chabaud-Rychter, Virginie Descoutures, Anne-Marie Devreux et Eleni Varikas, Paris, La Découverte, 2010. 

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  • O gênero nas Ciências SociaisRecebi há alguns dias um livro que traduzi há dois anos e que acabou de ser publicado no Brasil em coedição pela Editora Unesp e pela Editora da UnB. Tenho lido e relido páginas que escolho aleatoriamente para ver o que foi corrigido ou alterado, não por masoquismo, mas para melhorar sempre. Tenho um orgulho particular em tê-lo traduzido devido ao que ele representa: um marco feminista nas Ciências Sociais.

    Através de uma releitura crítica dos grandes autores clássicos das Ciências Humanas e Sociais, pesquisadores analisam seu pensamento e sua obra sob a ótica do gênero, observando como tais autores apreendiam o papel ou o espaço das mulheres nas sociedades e grupos estudados, inclusive pela sua ausência, lacuna muitas vezes reveladora de uma certa indiferença ou misoginia. 

    O que achei extremamente pertinente nesse trabalho foi a desmistificação de grandes mestres, quase intocáveis até então. Pelo menos para mim. Foi muito interessante perceber que ao qualificar as mulheres como "os bens mais preciosos" nas relações de troca, Claude Lévi-Strauss talvez tenha subestimado sua contribuição econômica ou sociopolítica nos grupos observados; que o viés androcêntrico das análises de Pierre Bourdieu talvez tenha-o levado a trabalhar mais intensamente sobre a violência simbólica das relações sociais, possivelmente influenciado por sua experiência pessoal, negligenciando a dinâmica das relações entre os sexos; e que de um modo geral, uma grande maioria de autores tenha tornado a hierarquia entre os sexos "natural", como foi colocado no prefácio da edição brasileira, banalizando, por conseguinte, as relações de dominação das mulheres pelos homens ao privilegiarem o social como principal fator estruturante da dinâmica social. Ou seja, a hierarquia e a dominação de um sexo pelo outro são apreendidas como um fato estabelecido e comumente aceito como tal.

    Seria inútil dizer a importância da publicação desse livro no Brasil e tudo o que ele pode acrescentar aos estudos das pesquisadoras e dos pesquisadores brasileiros. Limitar-me-ei, aqui, ao âmbito pessoal e egocêntrico do meu trabalho, afirmando que estou feliz em ter sido parte integrante desse projeto, apesar da invisibilidade do trabalho do tradutor. Mas essa é uma outra história.    

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