• O uso prático da antropologiaQuando eu estudava antropologia ou mesmo depois do fim dos meus estudos, a pergunta mais frequente que me faziam dizia respeito ao seu uso, ou até a sua utilidade. Minha resposta: "voce tem um tempinho?" Ora, o campo de aplicação da antropologia é tão amplo que essa disciplina deveria, na minha opinião, ser ensinada a partir do colégio para uma abordagem global do mundo que nos envolve tendo como perspectiva o respeito do próximo com suas particularidades. E para ficar no pragmatismo économico dominante dos dias de hoje, eis que um artigo publicado na revista francesa l'Obs dessa semana nos fornece um exemplo concreto.

    Esse artigo fala do crescimento da empresa SEB que emprega métodos audaciosos fundados nas inovações tecnológicas do seu centro de pesquisa, baseados, por sua vez, no conhecimento pertinente das particularidades culturais do mercado visado. Uma empresa francesa que vende máquinas para fazer arroz aos chineses, ferros para alisar os cabelos às coreanas, cafeteiras Krups aos alemães e ferros à vapor aos tailandeses, é definitivamente ousado.

    Conquistar mercados tão herméticos, principalmente no que diz respeitos a esses produtos citados, exige um grande poder de força dos centros de inovação técnica, é certo, mas a empresa serviu-se também de pesquisas antropológicas. O chefe de projeto inovação-pesquisa Olivier Wathelet dedicou-se em "observar os gestos dos cozinheiros e os macetes de cozinha, analisar o processo mental que leva a tomar a decisão de realizar ou não uma receita, saber quais são os materias considerados nobres para a cozinha em um ou outro país, como se manipula tais aparelhos, se é melhor manter o barulho do moedor da cafeteira ou o assovio da panela de pressão... pequenas coisas que podem significar a fim de um aparelho se não forem respeitadas" e cujas respostas podem ser dadas somente através de um estudo de campo equipado com as ferramentas da disciplina antropológica. Olivier Wathelet diz que eles estão trabalhando atualmente em uma máquina de fazer massa utilizada na cozinha tradicional chinesa de acordo com uma documentação sobre a preparação desse alimento, suas variantes regionais, colhida em uma volta por todo o país com uma equipe de pesquisadores. A adaptação de um produto calculada conforme as tradições culturais de cada mercado se encontra, assim, no centro da estratégia empresarial, garantindo o sucesso internacional dessa empresa familiar. 

    Já faz muito tempo que a etnologia, a sociologia e a antropologia constituem o objeto de piadas no que diz respeito ao mercado de trabalho, os profissionais dessa área sendo considerados futuros desempregados. Eu diria que esse problema, bem real, que encontramos no mercado de trabalho deve-se a uma certa ignorância do que a antropologia poderia trazer, ou mesmo a arrogância do mundo profissional que até então tentou impor os modelos de consumo ocidentais ao resto do mundo e, por detrás deles, seus próprios valores. Bastará que a estratégia utilizada pela SEB seja conhecida e difundida para que os dados se alterem. O respeito ao próximo com suas particularidades será obtido por razóes financeiras e econômicas. Mesmo se tais razões não são as mais nobres e levando-se em conta o estado atual do mundo, eu as adoto sem escrúpulos. Quando esse dia chegar, espero que todos compreendam enfim o quanto a antropologia pode ser útil.  

     

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  • L'usage pratique de l'anthropologieDu temps de mes études d'anthropologie ou même après, la question la plus fréquente que l'on me posait concernait l'usage, voire même l'utilité de l'anthropologie. Ma réponse : " vous avez un peu de temps ? " Or, le champ d'application de l'anthropologie est tellement ample que cette discipline devrait, à mon avis, être enseignée dès le collège pour une approche globale du monde qui nous entoure dans le respect de l'autre. Et pour rester dans le pragmatisme économique dominant de nos jours, voici qu'un article publié dans l'Obs de cette semaine nous en donne un exemple concret.

    Cet article parle de l'essor économique de l'entreprise SEB qui emploie des méthodes commerciales audacieuses fondées sur les innovations technologies de son centre de recherche, qui partent d'une connaissance approfondie des particularités culturelles du marché convoité. Une entreprise française qui vend des cuiseurs à riz aux Chinois, des fers à lisser les cheveux aux Coréennes, des cafetières Krups aux Allemands et des centrales vapeurs aux Thaïlandais, il fallait oser.

    Conquérir des marchés aussi hermétiques, surtout concernant ces produits-là, demandait une grande puissance de frappe des pôles innovations techniques, certes, mais elle s'est servi aussi des recherches anthropologiques. Le chef du projet innovation-recherche Olivier Wathelet s'est appliqué donc à " observer les gestes des cuisiniers et les tours de main, analyser le processus mental qui conduit à prendre la décision de réaliser ou non une recette, savoir quels sont les matériaux nobles pour la cuisine dans tel ou tel pays, comment on manipule les appareils, s'il faut conserver ou non le bruit du moulin à grain ou le sifflement de la Cocotte-Minute... Des petits riens qui peuvent signer l'arrêt de mort d'un appareil " et dont les réponses ne peuvent être données que par une étude de terrain équipée des outils de la discipline anthropologique. Il nous apprend qu'ils travaillent en ce moment sur une machine à faire des pâtes utilisées dans la cuisine traditionnelle chinoise après l'assemblage d'une documentation sur les préparations, leurs variantes régionales, recueillie dans un tour du pays avec une équipe de chercheurs. L'adaptation d'un produit sur mesure selon les traditions culturelles de chaque marché se trouve ainsi au cœur de la démarche entrepreneuriale, garantissant le succès international de cette entreprise familiale.

    Cela fait longtemps que l'ethnologie, la sociologie et l'anthropologie constituent l'objet des moqueries pour ce qui concerne les débouchés, les étudiants étant considérés, d'emblée, des futurs chômeurs. La semaine dernière dans la série " Fais pas ci fais pas ça ", Madame Lepic était déboussolée parce que sa fille a manifesté l'envie de faire des études d'ethnologie. Je dirais que ce problème  que l'on retrouve dans le marché de travail, bien réel, relève de l'ignorance de ce que l'anthropologie pourrait apporter ou même de l'arrogance prédominante dans l'univers professionnel qui cherche à imposer les modèles de consommation occidentaux partout dans le monde et, derrière eux, ses propres valeurs. Il suffira que les stratégies utilisées par SEB soient connues et répandues pour que change la donne. Le respect de l'autre se fera pour des raisons financières et économiques. Même si les raisons d'un tel revirement ne sont pas les bonnes, vu l'état où va le monde, je les prend. Ce jour-la, j'espère, mon entourage comprendra la vraie utilité de l'anthropologie. 

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