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    Tradução editorial

    Desde que decidi me dedicar integralmente à tradução, tenho pesquisado e lido muito à respeito dessa profissão. Tenho percebido o quanto ela é versátil, muitos tradutores podem inclusive não reconhecerem-se em aspectos diferentes de um trabalho que permance, contudo, fundamentalmente, o mesmo. Digo isso porque percebi que estou tornando-me uma tradutora editorial. Embora não seja a especialização da tradução mais bem paga, é a que melhor me corresponde, em particular nesse momento da minha vida. Apesar de termos um prazo determinado por contrato para terminar a tradução de um livro, não temos aquela pressão cotidiana que ocorre quando trabalha-se para agências ou mesmo para clientes diretos que precisam, quase sistematicamente, de seus trabalhos para "ontem" e que uma pessoa não-competitiva como eu tem dificuldade em suportar. E mesmo que eu tenha, até então, traduzido livros da minha área, as ciências humanas e sociais, tenho conhecido novos autores e descoberto temas ricos e interessantes, como o livro que acabei de terminar. Falarei sobre ele mais tarde, quando já tiver sido publicado. Porém, devido à necessidade de uma grande concentração e a impossibilidade de fazê-lo sem uma distância crítica para uma releitura que somente o tempo permite, não é um ramo da tradução que pode ser exercido por aqueles que dependem financeiramente exclusivamente disso. Geralmente ela é exercida em paralelo por professores ou áreas afins. Quanto ao livro sobre o qual falarei no decorrer desse ano, ele me permitiu superar o rude inverno alsaciano com bom humor e satisfação.

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  • Aos tradutores e tradutoras, amigos e amigas, ilustres leitores desconhecidos, desejo um 2013 cheinho de belos projetos literários, textos fecundos, leituras agradáveis e traduções enriquecedoras.

    Que venham novos autores, que os clássicos sejam relidos e mesmo sob novas formas, que o livro esteja sempre em nossas vidas. Que seus conteúdos sejam sempre ricos e instigantes, que nos façam viajar, aprender e crescer.  

     

     

     

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  • Antropologia e traduçãoMuitos se surpreendem com minha conversão profissional quando passei da antropologia à tradução por não conseguirem perceber um vínculo entre estas duas profissões. Eu, pessoalmente, vejo a evolução da minha trajetória profissional como uma evidência. O que seria a antropologia, ou pelo menos a antropologia cultural, senão a tradução de uma cultura em uma linguagem compreensível para uma outra cultura? E nesta categoria eu incluo não somente a cultura dominante de uma sociedade mas também uma certa cultura familiar, a cultura particular de uma determinada camada social ou mesmo aquela percebida em uma determinada empresa, objetos de estudo da antropologia contemporânea, entre muitos outros. Claro que essa é uma imagem redutora da antropologia, disciplina rica em noções e conceitos que são indispensáveis às Ciências Humanas em geral. Contudo, a atividade que exerço, hoje, reúne harmoniosamente as minhas duas paixões, aquelas às quais me dedico desde a adolescência: o francês, que comecei a aprender aos 15 anos de idade e o estudo de civilizações cujas ferramentas de observação e análise me foram fornecidas pela antropologia. Pois uma tradução literária ou científica vai muito além do conhecimento de dois idiomas. É necessário entender as diferentes tonalidades interpretativas que se escondem por trás de uma expressão, apreender o sentido dissimulado em um "falso amigo" ou mesmo o humor próprio a cada grupo particular que somente um conhecimento profundo do contexto no qual o texto a ser traduzido foi produzido pode revelar.

    A maioria dos meus amigos sabem que durante muitos anos busquei um equilíbrio pessoal através de diversas atividades profissionais. Hoje posso dizer com convicção que o encontrei.  

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  • Este livro é a reedição de parte da minha tese de doutorado em antropologia política e tem como tema central as eleições presidenciais no Brasil. Contudo, não me interessei pelo funcionamento do sistema político-partidário brasileiro propriamente dito, mas usei a campanha eleitoral como um rito revelador dos valores que codificam e organizam nossa hierárquica sociedade. Tentei me introduzir no emaranhado de significados que orientam o modo como o brasileiro percebe sua própria sociedade e legitima, através do voto, práticas políticas seculares dissimuladas sob a aparência de uma modernidade democrática. Quando surgiram tais significações? Por que elas se mantêm inalteráveis apesar de uma intensa dinâmica social? Que evento fundador fez emergir o sentido que justifica uma estrutura social injusta e moldou os contornos do Brasil de hoje? Foram essas e outras questões que tentei elucidar neste trabalho.  

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  • Dia 30 de setembro, dia do tradutorDia 30 de setembro é comemorado o Dia do Tradutor. Esse ano, o Centro Europeu das Associações dos Tradutores Literários promoveu um concurso internacional de curtas metragens intitulado Spot the translator, a fim de divulgar o trabalho do tradutor, mostrando as dificuldades e os desafios que encontramos cotidianamente assim como a importância de nosso papel na literatura. A criatividade dos participantes tornou a escolha difícil. O primeiro prêmio foi dado ao vídeo Texts don't translate themselves pela simplicidade e clareza de sua mensagem e o segundo prêmio ao curta A tradução é um trabalho difícil mas alguém tem que fazê-lo, que aborda as dificuldades as quais são confrontados os tradutores por um ângulo cômico. Ambos são excelentes. Julguem vocês mesmos:

    http://www.youtube.com/embed/SmkiDwzVY8w

    http://player.vimeo.com/video/48692107?title=1&byline=1&portrait=1

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  • Versões francesas do livro O mito da raça pura na Coreia do Sul

    a primeira impressa em Busan em 2009 e reeditada na França 2011

    Fotos de Ana Luisa Tonidandel

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  • Me chamo Lineimar Pereira Martins, sou Doutora em antropologia e trabalho há vinte anos em áreas que reúnem meus conhecimentos em civilizações, culturas e idiomas.

    Tradutora, sou especialista na tradução de textos em Ciências Sociais e Humanas. Traduzi diversos artigos nesta área com destaque para o livro de Jean-Paul Willaime, diretor de estudos do Instituto Europeu das Ciências das Religiões, em Paris, "Sociologia das religiões", publicado em agosto de 2012 pela Editora Unesp. No início de minha vida profissional, trabalhei exclusivamente como tradutora para a Belas Artes Cinematográfica do cineasta francês Jean-Gabriel Albicocco traduzindo roteiros de filmes para o cinema do francês para o português.

    Possuo uma vasta experiência internacional no ensino de línguas e civilizações, tendo ensinado francês no Brasil e na Coréia do Sul e português em diversas cidades na França. 

    Escritora, publiquei diversos artigos no Brasil, na França e na Bélgica, e três livros sendo dois em português, publicados no Brasil, e um outro em francês publicado na Coréia do Sul e reeditado na França cujas referências podem ser encontradas neste blog.

    O português é minha língua materna mas possuo domínio total do francês. Nasci no Rio de Janeiro contudo divido minha vida entre o Brasil e a França desde 1989, abrindo parênteses para uma estada de seis meses na Inglaterra em 1993 e de dois anos na Coréia do Sul entre 2005 e 2007, durante o qual dei aulas de língua e civilização francesas. 

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    Em 2007, eu e minha família nos instalamos na Coréia do Sul onde vivemos durante dois anos e meio. Foi minha  primeira experiência asiática. Para uma antropóloga como eu, foi uma enorme descoberta, esse país se apresentava como um campo de estudos quase virgem, pois a abertura de suas fronteiras era relativamente recente. Com exceção dos americanos presentes desde o fim da guerra, os coreanos tinham pouco contato com o exterior. Dentre as suas diversas particularidades culturais, uma descoberta chamou muito minha atenção: os coreanos acreditam ser uma raça pura. Sendo oriunda da sociedade brasileira considerada por especialistas a sociedade mestiça por excelência, me interessei por este aspecto que considero central na sociedade coreana. No momento em que o mundo fervia e vivenciava a criação de novas sociedades através de um processo de mestiçagem cultural, linguístico e étnico, principalmente durante as grandes descobertas marítimas, os coreanos fechavam suas fronteiras e consolidavam uma forte solidariedade interna. Buscando os elementos simbólicos de sua coesão social no mito de origem personificado pela imagem de Tangun, o pai fundador, a crença na pureza de sua raça se consolidou, fazendo-os acreditar que pertencem, todos, a uma mesma linhagem de sangue. Eu me interessei em verificar, em particular, como os membros do antigo Reino Hermita, que se protegeu do contato com o exterior durante séculos, vivenciam as relações que são, hoje, obrigados a estabelecer com os estrangeiros, inclusive dentro de seu próprio território. A pesquisa efetuada gerou um livro, que chamei de "O mito da raça pura na Coréia do Sul", que pode ser adquirido no link abaixo. Espero que ele possa transportá-los comigo no País das Manhãs Calmas.

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