• Memórias de uma suburbana "dura" que decidiu morar na EuropaEm 1992, sob o governo Collor de Mello e uma inflação de 80% ao mês, deixei o Brasil sozinha, sem nenhum contato no exterior e com mil dólares no bolso, para morar e estudar na Europa.

    Alguns anos mais tarde, quando ainda morava na cidade de Lyon, ciceroneei um editor brasileiro que havia ido àquela cidade para participar de uma Feira do Livro. Naquela época, eu ainda era estudante de etnologia, estava envolvida com meus estudos, textos acadêmicos e a descoberta dessa profissão. Por isso não o levei muito a sério quando me sugeriu escrever sobre minha iniciativa de ter deixado o Brasil somente com a cara e a coragem e me instalado por aqui. Não conseguia achar que minha história pessoal pudesse interessar a alguém. Mesmo porque, ela ainda estava sendo construída, não sabia se teria um happy end.

    Muitas águas rolaram desde então. Hoje, na calma dos bucólicos campos alsacianos, lembrei-me da conversa que tive com esse editor e decidi me lançar na escritura de um texto falando de meu percurso. Não tenho nenhuma pretensão além do desejo de compartilhar minha aventura a fim de mostrar que vale a pena acreditar em nossos sonhos. Pois vivi experiências incríveis, encontros maravilhosos e adquiri uma bagagem cultural que não tem preço. É claro que também tive muitos transtornos, mas todos eles me ajudaram a crescer, me fortaleceram, e não me fizeram desistir. O balanço final foi, sem dúvida nenhuma, extremamente positivo.

    Assim, hoje, seguindo as dicas dadas por aquele editor há quase vinte anos, venho contar minha história no livro que intitulei "Memórias de uma suburbana "dura" que deicidiu morar na Europa", com uma ponta de humor e muita sinceridade. Espero que minha narrativa consiga transportar os futuros leitores à cidade do Rio de Janeiro no fim dos anos 1980 onde tudo começou.

    Memórias de uma suburbana "dura" que decidiu morar na Europa

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  • "O mito da raça pura" no BrasilEm 2007, eu e minha família nos instalamos na Coréia do Sul onde vivemos durante dois anos e meio. Foi minha  primeira experiência asiática.

    Para uma antropóloga como eu, foi uma enorme descoberta, esse país se apresentava como um campo de estudos quase virgem, pois a abertura de suas fronteiras era relativamente recente. Com exceção dos americanos presentes desde o fim da guerra, os coreanos tinham pouco contato com o exterior. Dentre as suas diversas particularidades culturais, uma descoberta chamou muito minha atenção: os coreanos acreditam ser uma raça pura. Sendo oriunda da sociedade brasileira considerada por especialistas a sociedade mestiça por excelência, interessei-me por este aspecto que considero central na sociedade coreana. No momento em que o mundo fervia e vivenciava a criação de novas sociedades através de um processo de mestiçagem cultural, linguístico e étnico, principalmente durante as grandes descobertas marítimas, os coreanos fechavam suas fronteiras e consolidavam uma forte solidariedade interna. Buscando os elementos simbólicos de sua coesão social no mito de origem personificado pela imagem de Tangun, o pai fundador, a crença na pureza de sua raça se consolidou, fazendo-os acreditar que pertencem, todos, a uma mesma linhagem de sangue. Foi essa perspectiva que eu me interessei em verificar, principalmente hoje, quando os membros do antigo Reino Ermita, que se protegeu do contato com o exterior durante séculos, são obrigados a estabelecer relações com os estrangeiros que se instalam, cada vez mais numerosos, em seu próprio território.

    A pesquisa, as observações e as entrevistas realizadas durante esses dois anos gerou um livro que chamei de "O mito da raça pura na Coréia do Sul". É um livro para neófitos, introdutório, sem pretensões, um olhar mais do que um estudo. Eu o havia publicado primeiramente na Coreia em 2009, em francês, e mais tarde o publiquei também aqui na França. Em 2011 decidi traduzi-lo para o português mas sua comercialização era feita através da Amazon sediada na Inglaterra, o que implicava um custo de envio muito alto. Hoje pude, enfim, colocá-lo em um site brasileiro, o Clube dos Autores, a pedido de uma professora da USP que o recomendou a seus alunos.

    Espero que esse pequeno livro possa transportá-los comigo no País das Manhãs Calmas

    https://clubedeautores.com.br/book/150831--O_mito_da_raca_pura

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  • Durante muitos anos exerci a profissão de antropóloga ensinando civilização brasileira na França e civilização francesa no Brasil e na Coreia do Sul. Nesse período, escrevi textos sobre o Brasil abordando questões sobre a nossa jovem democracia o que constituiu, inclusive, o tema central da minha tese de doutorado tornando-se o livro O Brasil para inglês ver. Focalizei minha análise nos valores dominantes na sociedade brasileira, e não no sistema eleitoral propriamente dito, considerados como a principal barreira para a instauração de uma democracia efetiva que se manifestasse além do ato de votar.

    Dentre os textos redigidos, alguns foram publicados em revistas e livros franceses, belgas e brasileiros especializados em Ciências Sociais. Tive o orgulho de ter um artigo publicado no prestigioso jornal francês Le Monde Diplomatique. Outros não foram publicados. 

    Decidi reuni-los em um livro a fim de manter a coesão de meu trabalho. Ao relê-los, fiquei surpresa em constatar o quanto esse tema ainda é, hoje, atual. Essa coletânea pode, assim, ser apreendida como um modo de observação da evolução da sociedade brasileira nos últimos vinte anos, o que mudou e o que mantém-se ainda inalterado.

    Mantive os textos no idioma em que foram originalmente escritos, consequentemente alguns podem ser lidos em português e outros em francês.

    Acredito que sejam meu melhor cartão de visitas. 

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  • Este livro é a reedição de parte da minha tese de doutorado em antropologia política e tem como tema central as eleições presidenciais no Brasil. Contudo, não me interessei pelo funcionamento do sistema político-partidário brasileiro propriamente dito, mas usei a campanha eleitoral como um rito revelador dos valores que codificam e organizam nossa hierárquica sociedade. Tentei me introduzir no emaranhado de significados que orientam o modo como o brasileiro percebe sua própria sociedade e legitima, através do voto, práticas políticas seculares dissimuladas sob a aparência de uma modernidade democrática. Quando surgiram tais significações? Por que elas se mantêm inalteráveis apesar de uma intensa dinâmica social? Que evento fundador fez emergir o sentido que justifica uma estrutura social injusta e moldou os contornos do Brasil de hoje? Foram essas e outras questões que tentei elucidar neste trabalho.  

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  • Versões francesas do livro O mito da raça pura na Coreia do Sul

    a primeira impressa em Busan em 2009 e reeditada na França 2011

    Fotos de Ana Luisa Tonidandel

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    Em 2007, eu e minha família nos instalamos na Coréia do Sul onde vivemos durante dois anos e meio. Foi minha  primeira experiência asiática. Para uma antropóloga como eu, foi uma enorme descoberta, esse país se apresentava como um campo de estudos quase virgem, pois a abertura de suas fronteiras era relativamente recente. Com exceção dos americanos presentes desde o fim da guerra, os coreanos tinham pouco contato com o exterior. Dentre as suas diversas particularidades culturais, uma descoberta chamou muito minha atenção: os coreanos acreditam ser uma raça pura. Sendo oriunda da sociedade brasileira considerada por especialistas a sociedade mestiça por excelência, me interessei por este aspecto que considero central na sociedade coreana. No momento em que o mundo fervia e vivenciava a criação de novas sociedades através de um processo de mestiçagem cultural, linguístico e étnico, principalmente durante as grandes descobertas marítimas, os coreanos fechavam suas fronteiras e consolidavam uma forte solidariedade interna. Buscando os elementos simbólicos de sua coesão social no mito de origem personificado pela imagem de Tangun, o pai fundador, a crença na pureza de sua raça se consolidou, fazendo-os acreditar que pertencem, todos, a uma mesma linhagem de sangue. Eu me interessei em verificar, em particular, como os membros do antigo Reino Hermita, que se protegeu do contato com o exterior durante séculos, vivenciam as relações que são, hoje, obrigados a estabelecer com os estrangeiros, inclusive dentro de seu próprio território. A pesquisa efetuada gerou um livro, que chamei de "O mito da raça pura na Coréia do Sul", que pode ser adquirido no link abaixo. Espero que ele possa transportá-los comigo no País das Manhãs Calmas.

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