• Que faire des concepts intraduisibles ?Voici enfin le résumé de la troisième et dernière émission Les nouveaux chemins de la connaissance. Il y en a eu une quatrième que je n'ai pas écoutée. Ce dernier post de cette série d'entretiens que je vous présente est le condensé d'un entretien fait par la journaliste et philosophe Adèle Van Reeth avec la philosophe et philologue Barbara Cassin, auteur du Vocabulaire européen des philosophies.

    Barbara Cassin commence l'entretien en disant que la pluralité de langues veut dire aussi pluralité de cultures, de visions du monde et que la traduction est la chance de les mettre en rapport les unes avec les autres. Dans le mythe de Babel, la diversité des langues a été vécue comme une punition de Dieu : puisque certains concepts philosophiques sont intraduisibles, comment ne pas voir la pluralité de langues comme une déficience ? Pour Cassin, elle serait alors un magnifique problème, mais non une déficience.

    Or, la pluralité de langues est une chance puisque l'intraduisible n'est pas ce que l'on ne traduit pas, mais ce que l'on ne cesse de traduire. Nuance. C'est dans cet effort que beaucoup de choses de la pensée se sont inventées. Dans le désir de comprendre ce que l'autre dit, l'on considère un vraisemblable pour pouvoir dialoguer et faire dialoguer les langues entre elles. La traduction est pour cet auteur le bon paradigme des Sciences Humaines aujourd'hui parce que elle implique un vrai savoir faire des différences qui ne laisse aucune entité tranquille. Les langues ne restent pas identiques à elles-mêmes quand elles sont traduites.

    Aussi, la pluralité ne se réduit pas aux différentes façons de designer quelque chose : elle s'oppose à l'unité, à l'uniformisation. L'action qui cherche à déterminer la force de la pensée se condense dans un mot comme des légers nuages apparaissent dans un ciel pur.

    La diversité (la pluralité des différences), plus encore que la pluralité, est ce que conditionne l'intérêt de la traduction des langues et des cultures humaines. Le langage n'est pas seulement parler de, parler à, mais parler pour faire être. Il aurait ainsi une portée ontologique.

    La pluralité est la condition même du politique puisque la traduction se fait à partir d'un nombre infinie de contextes. Ce qui nous mène aux dangers du Globish (Global English). Pour Cassin, le Globish serait une uniformisation complète dans quelque chose qui n'est même pas une langue et qui n'a rien à voir avec l'anglais. C'est un outil qui sert à construire un dénominateur commun. Barbara Cassin estime qu'un monde où l'on communique par le globish et où il y aurait une autre langue pour parler chez soi n'est pas intéressant, il est très réducteur. Or, une langue doit être capable d'oeuvrer, de créer et non de réduire. Le Globish serait, selon ses mots à elle, une version débile du logos grec.  

    En rédigeant ce résumé j'ai eu l'impression que les idées étaient décousues et qu'il ne montrait pas combien l'échange entre Cassin et Van Reeth fut riche et vraiment intéressant. Par contre, le contenu de l'émission ne correspondait pas tout à fait à son titre que j'ai repris comme intitulé de ce post. Sur cet aspect-là, je suis restée sur ma faim. J'espère cependant que ces quelques bribes de sa pensée suffiront à éveiller l'intérêt pour son travail. En tout cas, comme toujours, je transmets ci-dessous la bibliographie pour ceux qui souhaiteraient approfondir le sujet.

    Bibliographie :

    Barbara Cassin, Vocabulaire européen des philosophies : dictionnaire des intraduisibles, Le Seuil, 2004.

    Barbara Cassin, Plus d'une langue, Bayard, 2002.

    Barbara Cassin, La Nostalgie, Autrement, 2013.

    Partager via Gmail Yahoo! Blogmarks

    1 commentaire
  • E você, é um "fontista" ou um "alvista"?O título desse post é a tradução literária do artigo francês que publiquei aqui há alguns dias. Esse artigo se inscreve na continuidade do programa de rádio "Les nouveaux chemins de la connaissance" sobre o qual falei no meu post precedente. Hoje farei um resumo da entrevista com o tradutor, filósofo e tradutólogo Jean-René Ladmiral realizada no dia 19 de março pela filósofa e jornalista Adèle Van Reeth. Nessa conversa podemos identificar facilmente a tradução observada, pensada e analisada por um filósofo. Seria isso o objeto da tradutologia?

    Ladmiral começa a entrevista dizendo que a tradução é acessoriamente uma questão de línguas. Traduzimos obras e textos e por detrás dos textos, encontra-se o projeto do pensamento, da escritura que supostamente devemos revelar. A pluralidade do pensamento, do que é vivenciado, do ser-no-mundo é múltiplo: existem culturas, indivíduos, épocas históricas e a língua, que é um ser-no-mundo cognitivo como qualquer outro. 

    Segundo esse autor, deve-se relativizar a importância da língua na tradução. Ele nos diz que no Institut de management et de communication interculturels de Paris, onde ensina, é feito em um primeiro momento um trabalho de interpretação francês-francês que vai de encontro à ideia de transcodificação que consistiria em substituir uma palavra por outra. O objetivo sendo o de identificar o conteúdo e a possibilidade de reformulá-lo. Em resumo, traduzir é fazer viver outra vez.

    Ele considera a tentação literalista uma regressão. As línguas possuem uma existência concreta, não se deve reduzir a tradução a um problema de falta ou de excesso de símbolos, não se traduz uma língua, mas uma mensagem, uma obra, um projeto; ao mesmo tempo, a língua é o que resiste. A textura da língua se perde em uma tradução.

    Esse autor distingue, então, duas correntes de tradutores, ou seja, os fontistas, que se concentram no significante (a língua fonte) e os alvistas que se concentram nos efeitos (a língua alvo). Ele estima que seu trabalho seria o de um alvista pois acredita que não se traduz o significante, mas o sentido, um efeito estético, semiótico, literário e cômico, o trabalho de um tradutor sendo uma espécie de restituição. Ora, segundo ele, a lógica dos fontistas consiste em repetir o texto original. Para ele, o original deve ser o objeto de um luto, deve desaparecer sob a tradução.

    Segundo ele, todos os argumentos contra a tradução se resumem em um único: ela não é o original. A tradução seria então como um amigo que perdeu a mulher amada; alguém lhe apresenta uma outra mulher que tem o mesmo nome, a mesma idade, mas não é a mulher amada. 

    Para Ladmiral, na tradução deve haver dois lutos: o do original e de um certo número de coisas que nunca passarão que se referem à singularidade da obra. A tradução seria, assim, como uma profanação.

    Esse resumo aqui apresentado seria o essencial, evidentemente a entrevista foi mais rica e dinâmica, eles inclusive falaram sobre a tradução da Bíblia, mas infelizmente não consegui resumir pertinentemente as ideias transmitidas sobre o assunto. Mais uma vez, o assunto é polêmico e levantou discussões interessantes quando o publiquei em francês. Nessas discussões chegamos, juntos, à conclusão que na prática fazemos um "malabarismo" entre uma tentativa de fidelidade do texto fonte e a necessidade de nos afastarmos dele de vez em quando para tornar o texto compreensível para a cultura de destino. Pessoalmente, eu não conhecia essa linha de pensamento, não posso afirmar se é ou não conhecida no Brasil. Uma razão a mais para compartilhar o conteúdo da entrevista com o grupo.

    Bibliographie :

    José Ortega y Gasset, Misère et splendeur de la traduction, Les Belles lettres, 2013.

    Jean-René Ladmiral, Sourcier ou cibliste, Les Belles lettres, 2014.

    Partager via Gmail Yahoo! Blogmarks

    3 commentaires



    Suivre le flux RSS des articles
    Suivre le flux RSS des commentaires